terça-feira, 10 de maio de 2011

Vale do Itajaí tem a melhor floresta do Estado



A cobertura florestal de Santa Catarina está maior: o verde cobre 36% do Estado, e não 23% como se pensava. No entanto, há espécies que correm o risco de desaparecer em breve. Foram estas as principais constatações do Inventário Florístico-Florestal de Santa Catarina, trabalho de quatro anos que envolveu professores e alunos dos cursos de Engenharia Florestal e Ciências Biológicas da Furb em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

O levantamento, divulgado na última semana no Teatro Carlos Gomes durante o 2º Inventário Florestal, considerou dados de 250 mil amostras de plantas da mata nativa, entre diâmetro, altura, genética e forma. Foram contabilizadas 2,3 mil espécies, dado preocupante, considerando que o Estado já teve 7 mil. 

Na radiografia, os levantamentos mostram que apenas 5% da floresta são original, a maioria dos remanescentes florestais, cerca de 95%, é constituída por florestas secundárias, com árvores de espécies pioneiras, jovens e com troncos finos. Elas têm baixo estoque de madeira e de biomassa e um número reduzido de espécies arbóreas e arbustivas diferentes.

- Nossas florestas são jovens, de pouca altura e em boa parte as espécies não têm mais de 30 anos, porém temos que comemorar que ainda temos uma floresta - explica Lúcia Sevegnani, integrante da equipe científica do inventário.

Comportamento humano também foi pesquisado
O Inventário Florístico-Florestal de Santa Catarina, que fez uma radiografia da floresta nativa no Estado, foi além de levantar informações sobre plantas e árvores. A Epagri foi responsável por fazer um levantamento da importância socioeconômica dos recursos florestais. Ao todo, foram percorridos 45 mil quilômetros e entrevistados 770 agricultores. 

O pesquisador Juarez José Vanni Müller diz que com o estudo foi possível constatar que restam poucos jovens no campo. As pessoas que vivem da agricultura são, na maioria, aposentadas, e dependem do benefício para sobreviver. 

- A maioria das pessoas deu as costas para a mata. Ninguém mais sabe como se beneficiar da natureza, como as plantas medicinais, por exemplo. Há uma erosão de conhecimentos, e isso é triste - lamenta o pesquisador.

Müller recorda que apenas uma moradora de Lebon Régis transmitia o conhecimento à filha sobre os benefícios da natureza.
O inventário apontou que o Parque Nacional da Serra do Itajaí tem a melhor qualidade de florestas do Estado. O presidente da Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena), Leocarlos Sieves, explica o motivo da qualidade:

- O primeiro é porque o parque foi criado no lugar certo e o segundo é porque topografia do parque dificulta a chegada da agricultura, o que garante a preservação.



FONTE

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