quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Mudança valoriza imóveis

Imagem aérea da rua Paris. Após alterações no trânsito , preços de casas e terrenos subiram 20% na Itoupava Norte
Foto : Jaime Batista da Silva
A alteração no trânsito da região do binário da Rua Paris, no Bairro Itoupava Norte, há pouco mais de um ano, trouxe mais que a mudança do fluxo de veículos: é frequente notar placas de imóveis à venda pelo local. Em visita feita pela reportagem no último dia 30, pelo menos 18 casas e cinco terrenos estão para ser comercializados, seis somente na Rua São Valentin.
Duas situações podem explicar a demanda de oferta: a insatisfação de moradores em relação ao aumento do trânsito e a oportunidade de negócios. Como a região está se transformando em corredor de serviços, os imóveis têm maior valorização.
Segundo a delegada regional do Sindicato dos Corretores de Imóveis (Sindimóveis), Soraia Vasselai, o preço dos imóveis no local aumentou 20% no último ano.
– Antes, a avaliação do metro quadrado era de R$ 250. As casas, principalmente, são as mais procuradas – comenta.
Para o presidente da Associação de Moradores da Rua 25 de Agosto, Adagir Sarggin, as vendas estão ligadas ao descontentamento com o fluxo intenso de veículos. Segundo ele, além do movimento que dificulta a entrada e a saída das casas, a alta velocidade e o barulho de alguns carros incomodam.
– Acredito que as pessoas estão querendo ir embora por causa de todo esse trânsito que veio para cá. Antes, a gente tinha uma região tranquila, mas agora está insuportável. É só vir à noite aqui para ver o abuso que cometem – critica.
O diretor de Planejamento Urbano, Roger Danilo Schreiber, diz que já se percebe a mudança da região de residencial para comercial. Apesar do aumento do fluxo de veículos, Schreiber lembra que a ideia do urbanismo é justamente diluir a concentração de comércio e serviço, que hoje se restringe ainda ao Centro da cidade.
– A mesma situação ocorreu em ruas como a Amazonas, no Distrito do Garcia, e a João Pessoa, na Velha, onde as áreas residenciais se transformaram em corredores de serviço. Em parte, isso ajuda a tirar o trânsito pesado do Centro – argumenta.
Um processo sem volta. É assim que o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Paulo Cesar Lopes, resume a transformação com o binário:
– Hoje, se percebermos, encontramos boa parte dos serviços e comércios, que antes estavam restritos ao Centro, nos bairros. Além disso, há a valorização dos imóveis do entorno.


Itoupava Norte valorizou após alterações no trânsito. Foto : Jaime Batista da Silva
Setor de urbanismo quer descentralizar comércio da cidade
Doutor em Planejamento Urbano e professor da Furb, Luiz Alberto Souza comenta que as transformações decorrentes da mudança, tanto de trânsito quanto mobiliária, tendem a diminuir ao longo do tempo, em função da oferta e da procura.

– O que deve ser pensado pela prefeitura é a revisão do zoneamento daquela área na tentativa de minimizar esses impactos. A Rua Uruguai, na Ponta Aguda, passou por processo semelhante – comenta.

Especialista diz que região não tem condições de receber fluxo tão intenso
Se por um lado há a questão de melhores oportunidades de negócio na região da Rua Paris, a mudança no trânsito trouxe incômodos para quem não está interessado em vender o imóvel. No final de 2012, um protesto chegou a ser feito por moradores contra a alta velocidade praticada por motoristas na região.
Augustinho Haveroth mora de aluguel numa casa à venda na Rua Siderópolis. Segundo ele, ficou perigoso andar pelo local desde que o trânsito mudou. Excesso de velocidade e barulho dos carros são as principais reclamações:
– Acredito que uma lombada eletrônica faria toda a diferença. De madrugada, o abuso é constante.
Especialista em trânsito, Ricardo Bondan diz que a região, principalmente a Rua São Valentin, não tinha condições de receber um fluxo intenso de veículos como ocorre atualmente. Segundo ele, a capacidade geográfica impede que o trânsito flua da forma correta. Bondan aponta como alternativa prolongar a Rua Coronel Federsen, no Bairro Itoupava Seca, com a construção de uma ponte, levando o fluxo para o Terminal Aterro.
– Essa rua teria condições de receber o trânsito, pois é larga. Existiam opções melhores para melhorar o trânsito daquela área.

Reportagem: Tatiana Santos
Fonte : Jornal de Santa Catarina

A região da binário da Rua Paris começou o processo de verticalização ao meu ver irreversível, pois o aumento do preço dos terrenos inviabiliza a construção de casas. Edifícios residenciais já começam a surgir nas transversais do binário. Em breve veremos edifícios comerciais. 

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