quarta-feira, 12 de junho de 2013

A Cidade Vertical

DESDE O “BOOM IMOBILIÁRIO” DE 2008, O MERCADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
APOSTA NOS PRÉDIOS RESIDENCIAIS COMO ALTERNATIVA PARA EXPANDIR


Os números do mercado imobiliário não deixam margem para dúvidas: Blumenau está crescendo para cima. Em média são entregues 2,5 mil apartamentos por ano na cidade. A avaliação é dos próprios empresários do setor, que fecharam 2012 com um crescimento de 3% a 5% em comparação com o ano passado. O principal sinal é que os investidores mantêm a rotina de negócios, porém mais focados na verticalização das construções, que estão saindo do Centro em direção aos bairros, principalmente os localizados na região norte da cidade.
Mesmo assim, o ritmo não é tão intenso como o verificado em 2008. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção de Blumenau (Sinduscon), Amauri Alberto Buzzi, diz que no momento atual duas avaliações são importantes. Uma delas conclui que as construtoras estão mantendo o ritmo das obras em andamento.



A outra indica que novos empreendimentos precisarão aguardar a melhora do cenário econômico mundial, especialmente no médio prazo.
A verticalização em larga escala ocorre porque os novos moradores estão priorizando praticidade, funcionalidade e segurança. “Tenho vários clientes que pensaram em comprar uma casa, mas, por questões de segurança, acabaram optando por morar em um apartamento”, diz Marcelo Silveira, diretor da Frechal Construtora e Incorporadora. Conforme o empresário, a escolha por este tipo de imóvel, na maioria das vezes, é motivada por questões de praticidade, já que dispensa a contratação direta de profissionais como jardineiro, por exemplo.



O FENÔMENO DA VERTICALIZAÇÃO SEGUE uma tendência verificada nas grandes cidades brasileiras. O que se percebe é que em Blumenau há bairros cujo crescimento já está consolidado, como Vila Nova, Escola Agrícola e Fortaleza. Com o esgotamento das áreas mais centrais, outras regiões começam a despertar o interesse das construtoras, como Itoupava Central, Salto e Salto do Norte. São regiões estimuladas pelo setor público para tornarem-se polos concentradores de novas moradias.
O perfil desses apartamentos, por sua vez, depende da localização. Os menores atraem investidores interessados em alugar ou revender o imóvel. Os mais procurados, no entanto, são os de dois e três quartos, com pelo menos duas vagas de garagem.



O PRESIDENTE DO SINDUSCON destaca que a verticalização é tendência em praticamente todas as cidades em crescimento, em especial aquelas com a topografia acidentada e com problemas de cheias, a exemplo de Blumenau. “Este modelo é mais interessante para a incorporação imobiliária porque o preço do produto final fica mais atrativo em face da diluição do custo do terreno e da concentração da produção”, acrescenta Buzzi.
O empresário Ivo Alberto Dickmann Junior, da construtora DKM, também considera que a verticalização das construções em Blumenau é uma tendência natural, principalmente em direção ao norte do município e nas regiões com menor risco de cheias. “O que se procura é um melhor aproveitamento dos locais livres de enchente”, destaca. 



A mesma opinião é dividida pelo empresário Valter Luiz Torresani, diretor da Torresani Empreendimentos. O empresário explica que, devido ao relevo característico do município e às diversas áreas dedicadas à preservação ambiental, restou uma faixa relativamente pequena para novas obras. “A única condição para assegurar esse crescimento é construir para cima”, observa o empresário.




Mesmo sendo uma tendência natural do mercado local, a expansão para a região norte de Blumenau, verificada há pelo menos cinco anos, pode ficar comprometida em função da falta de infraestrutura. “A duplicação da BR-470 poderia ser o vetor dessa expansão, por sua topografia e facilidade de acesso ao litoral”, destaca o presidente do Sinduscon. A opinião de Buzzi é referendada por Valter Torresani, que considera que a migração dos empreendimentos imobiliários para a região norte deveria vir acompanhada de uma malha viária mais eficiente. Entre as obras defendidas pelo empresário está a melhoria dos acessos e do transporte público, além de mais escolas e hospitais.



Para Torresani, o setor da construção civil de Blumenau vive um momento de renovação, observado sob diferentes aspectos. Um deles é o maior acesso a financiamentos de material de construção feitos por meio de agentes financeiros ou diretamente nas lojas, o que impulsiona reformas, ampliações e pequenas construções. Outro fator relevante é o aumento dos financiamentos diretos do governo federal, principalmente os relacionados aos programas Minha Casa, Minha Vida, o que elevou a procura por novas construções em toda a região e estimulou novas linhas de crédito, que se tornaram atraentes para o mercado em geral.
OUTRO ASPECTO QUE DEVE SER considerado, de acordo com o empresário, é que o mercado de construção de imóveis passou por uma expansão muito grande entre 2008 e 2010,
chegando a registrar uma oferta ligeiramente maior do que a procura.
Atualmente, conforme Torresani, o setor aponta para um crescimento mais modesto, se comparado com os anos do “boom imobiliário”.
Na avaliação do presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis (Secovi) de Blumenau, Rogério Patrício, o volume de negócios começou a diminuir a partir de 2011, principalmente porque os clientes estão descapitalizados, sem recursos para pagar os 30% da entrada. O Fundo de Garantia, que poderia ser uma saída para quem busca adquirir o primeiro imóvel, segundo Rogério, foi sacado em 2009, depois da enchente que afetou a cidade.

Texto : Adão Pinheiro
Fotos : Victor Carison
Fonte : Revista Blumenau É - Edição Setembro de 2012

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