Diante do chacina ocorrida em uma escola no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, logo se criou uma comoção nacional em torno do tema. Imprensa, psicólogos, cientistas sociais, psicopedagogos, policiais e opinadores de plantão dão seu pitaco para possíveis razões e motivadores e tal crime que pode se qualificar como chacina, porque foi claramente premeditado.
É importante que se chegue a uma conclusão e que crie-se formas de evitar tais fatos. Não foi um fato corriqueiro e duvido que se torne algo comum. Então fiscalize-se melhor a porta e entornos das escolas e coloquem detectores de metal que já vai ajudar muito.
Isso me faz pensar : faz-se um auê nacional em torno do tema pela forma fria como tais 12 jovens foram mortos por outro adolescente. Pergunto: e as centenas de mortos (crianças pequenas, adolescentes, jovens adultos e adultos) em nossas precárias estradas no Brasil ?
Quantas crianças morrem em ambulatórios públicos por falta de atendimento ou atendimento falho ? Essa é a “tragédia permitida” que salta aos olhos todos os dias e todos já se acostumaram e não arrancam uma lágrima sequer de nossa presidente.
Jovens saem embriagados e matam dezenas de inocentes em uma chacina “legalizada”. Sim, legalizada porque o álcool é a droga permitida e endeusada em nosso país. Se um louco pega numa arma e mata 12 jovens numa escola é um “ai meu deus” pra todo lado e comoção nacional. Se um jovem causa um acidente numa estrada em que morrem 10 inocentes é uma “fatalidade” que as mortes são menos graves do que outras. Aí querem discutir sobre desarmamento, mas ninguém discute em tornar o álcool uma verdadeira droga e responsabilizar de fato os transgressores. Economizaria-se aí coisa pouca, por baixo umas 50.000 vidas por ano só, o equivalente a uns 160 boeings lotados que caem por ano no Brasil em nossas precárias estradas e precários hospitais públicos. Mas as estradas precárias e hospitais precários todo mundo aceita, mas se revoltam com um jovem que matou 12 jovens. Nem eu nem você vamos fazer nada para mudar isso. Nem impedir ou denunciar um amigo seu que sai dirigindo bêbado, porque beber é legal.
País de hipócritas, isso é o que somos.
Governo, indústrias, imprensa e cidadãos, todos hipócritas.
Eu e você também.
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