Onda de verticalização de obras preocupa moradores e ambientalistas |
– A Brava está crescendo rapidamente, e a percepção que se tem é que possa se tornar uma nova Balneário Camboriú – diz o oceanógrafo Rodrigo Cavaleri Gerhardinger.
Construção de nove andares está para sair
Não que a vizinha não tenha encantos. Mas a badalação e o movimento diferem da tendência da Brava ao surfe e a uma proposta de maior contato com a natureza.
– A Brava não precisa ficar parecida com praia nenhuma, porque já é bonita por natureza. Por isso, a sombra é uma preocupação, sim – diz a secretária de Turismo de Itajaí, Valdete Campos.
Embora o plano diretor vigente não permita prédios com altura maior do que dois pavimentos além do térreo na quadra do mar, construtores beneficiaram-se do Plano de Desenvolvimento Turístico, Econômico, Ecológico e Socialmente Sustentável (Plandetures), aprovado em 2007, e revogado pela Justiça em novembro de 2012. O plano permitia que os construtores aumentassem a altura dos edifícios em troca de recursos investidos no bairro.
Hoje, a lei restringe as construções à beira do mar na Brava a térreo mais dois andares. Mas, de acordo com a Secretaria de Planejamento, há pelo menos uma construção com nove andares para sair, aprovada antes da revogação. Além da sombra na areia, de acordo com a assessora da Associação de Voo Livre Morro do Careca (AMCA), Daniela Occhialini, a altura dos prédios restringe os voos de parapente:
– Prédios altos são ruins para o voo e turismo. É um absurdo que isso ocorra na praia, bem público
Câmara vota novo plano diretor
Uma sessão extraordinária da Câmara de Vereadores ocorre nesta segunda-feira, às 16h, para a votação da lei de zoneamento de Itajaí. A lei define regras para uso e ocupação do solo.
– A nova lei qualifica as obras, diminui a taxa de ocupação na Brava e estabelece que os apartamentos tenham mais de 90 metros quadrados. Desta forma, diminui o adensamento – afirma o secretário de Planejamento, Paulo Praun Cunha Neto.
Presidente da Câmara, o vereador Luiz Carlos Pissetti (DEM) diz que a data para a votação foi escolhida em função do prazo regimental exigido após a primeira apreciação – que ocorreu em 21 de dezembro. A lei de zoneamento foi aprovada na primeira sessão com cinco emendas de redação, propostas pelo grupo de especialistas que acompanhou as audiências representando os vereadores, e negociadas com o Conselho Gestor e o Ministério Público.
Comunidade se mobiliza para proteger o Morcego
A preocupação com o futuro do Canto do Morcego e as regras que valerão após a aprovação da nova lei de zoneamento levaram à elaboração de um abaixo-assinado na internet. Até domingo, mais de 3,1 mil pessoas já haviam aderido. Um dos organizadores do manifesto, o oceanógrafo Rodrigo Cavaleri Gerhardinger diz que as audiências foram pouco divulgadas.
– Ninguém sabe direito o que está sendo proposto. Um plano diretor não pode ser votado às pressas e a toque de caixa – afirma.
Cunha Neto garante que a nova lei de zoneamento proposta é mais restritiva que a anterior.
Fonte : Jornal de Santa Catarina
Reportagem : Dagmara Spautz
Foto : Carlos Alberto Perez
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