quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

O que esperar para 2024 ?

Verticalização de Blumenau. (Foto divulgação PMB)

O ano de 2023 vai terminando como um ano atípico para a construção civil em Blumenau. Um ano marcado por dúvidas quanto ao cenário econômico nacional, e de muita insegurança jurídica. Enquanto o litoral norte do estado vem atraindo dezenas de novos projetos de edifícios de diferentes construtoras de Santa Catarina e de outros estados, o número de projetos que começaram as obras e foram protocolados junto à Prefeitura de Blumenau manteve-se abaixo dos anos anteriores. Dentre os principais pontos a observar deste ano de 2023 e o que esperar para 2024 :

  • Várias construtoras tradicionais de Blumenau (Oma, Frechal, Ambrosi, Torresani, Tetto, Raymundi, Barbieri, Bella Cyntra, HR Sul, Marini e Stein) lançaram empreendimentos no litoral norte e pelo menos 3 delas não sinalizam mais investir na cidade. Algumas venderam terrenos em Blumenau e cancelaram futuros empreendimentos em virtude da maior lucratividade e rapidez de vendas dos imóveis na praia. É um movimento sem volta. A velocidade dessa migração para o litoral vai depender de quanto será a valorização imobiliária em Blumenau. Vale lembrar que com a diminuição de projetos e metros quadrados construídos na cidade, a tendência é que os projetos que seguem na cidade terão uma valorização maior;
Porto Belo, Itapema, Penha, Piçarras e Barra Velha são as mais visadas pelas construtoras blumenauenses. (Foto : divulgação Sec. Turismo Piçarras)
  • Aumento de edifícios no formato de construção por administração. Vários pequenos empreendedores e algumas construtoras consolidadas tem levantado edifícios em bairros com aumento da valorização, próximos ao centro e na região norte e oeste com esse formato de construção (para entender mais sobre ele, clique aqui). Em Blumenau várias construtoras trabalham somente com esse modelo, que tem se mostrado lucrativo para ambas as partes (investidor e construtora);
Obras de construção por administração se multiplicaram por Blumenau.
  • Apartamentos no formato de loft ou studio tem aumentado signicativamente o número de unidades disponíveis e em construção, refletindo a diminuição do tamanho das famílias e a colocação dessas unidades para locação por investidores através de aplicativos de aluguel (AirBNB, Booking.com, etc). As áreas mais visadas para esses empreendimentos estão próximo à Vila Germânica, Victor Konder, Vila Nova e Itoupava Seca;
Construção de Lofts e Studios aquecida perto da Furb. (Foto : Patrick Rodrigues/NSC Total)
  • Projetos próximos de rios e ribeirões tendem a ser reavaliados após a decisão do Ministério Público Federal ao processo do Residencial Grand Trianon na Ponta Aguda. Em resumo, interfere em todo projeto cuja distância do rio/ribeirão esteja menor do que o do código florestal nacional e que tenha se baseado no código florestal emitido pelo município, cujas distâncias são menores. O grande problema é que muitos terrenos em áreas urbanas consolidadas terão uma redução de gabarito ou mesmo a impossibilidade de construção, o que vai deixar os poucos terrenos ainda disponíveis em áreas consolidadas muito mais caros, refletindo no preço dos imóveis. Empresas que iriam investir em lançamentos na área central terão de ir para bairros mais afastados, derrubando novas áreas verdes para construção, criando o efeito contrário ao da preservação. Cidades muito horizontais tendem a devastar mais seu meio ambiente, além de aumentar as distâncias de deslocamento, aumentando a poluição do ar e qualidade de vida.
Residencial Grand Trianon. (Foto : LVP Drones)
  • A região norte e oeste de Blumenau recebe um grande número de condomínios formados por blocos residenciais múltiplos, o que provocará um grande adensamento nos bairros onde ainda existem terrenos grandes e não tão caros quanto os próximos da área central. Os bairros Itoupava Central, Itoupavazinha, Fidélis, Salto, Badenfurt e Velha Grande são alvos das maiores construtoras do Brasil (MRV, RNI, etc). O tamanho e altura dos blocos varia entre 4 e 18 pavimentos, e a maioria opta na configuração "condomínio clube" com diversas áreas de lazer, caminhada, alguns deles com áreas verdes anexas. A grande maioria traz a oferta de apartamentos de 2 dormitórios com áreas entre 40 e 70 m².
"Condomínios clube" multi-blocos se espalham pela região norte e oeste de Blumenau.
  • Espera-se que em 2024 avancem os dois projetos de edifícios acima de 40 pavimentos que foram revelados a partir de 2022. No bairro Victor Konder, a Torresani está com processo de EIV aberto na Secretaria de Planejamento com projeto de uma torre residencial de 41 pavimentos e 139 metros de altura na rua do Abacateiro, paralela à rua Martin Luther. Também é esperado um avanço do projeto do maior edifício de Blumenau que ficará localizado na rua 7 de setembro, 100 metros após a esquina com a Alameda Rio Branco, cujo projeto é da Stein Empreendimentos, terá 45 pavimentos e 150 metros de altura. O projeto já passou pela audiência de EIV, e agora deve tramitar dentro da Secretaria de Planejamento.
Projetos acima de 40 pavimentos previstos para Blumenau, para o centro (esq) com 45 pavimentos e bairro Victor Konder (dir) com 41 pavimentos.
  • As obras do atual mais alto edifício em construção de Blumenau, o Edifício Açú 88, com 44 pavimentos (3 subsolos) e 136 metros de altura, estão indo de vento em popa. Pelo progresso, ao final de 2024 a torre poderá estar perto da sua altura final na parte de alvenaria, dando a noção do tamanho do empreendimento que está sendo erguido na rua Chile, no bairro Ponta Aguda. Ele é um marco na construção civil da cidade, o primeiro a ultrapassar os 40 pavimentos.
Status da obra do Edifício Açú 88 em 23/12/2023
  • A possível retomada das obras do Hospital Unimed é uma notícia muito relevante e pode contribuir ainda mais no adensamento e valorização do bairro Vila Nova. Cooperados da Unimed aprovaram em assembleia geral no ínício de outubro de 2023 a proposta de parceria com a Associação Congregação de Santa Catarina (ACSC), mantenedora do Hospital Santa Isabel. A ideia das parceria é finalizar em 24 meses, a partir do início das obras, a torre que começou a ser construída, mas cujas obras estão paradas desde 2016, e erguer uma outra ao lado em mais 12 meses. A estrutura vai formar um complexo hospitalar de alto padrão de hotelaria, com mais de 20 mil metros quadrados, 226 leitos e 17 salas cirúrgicas.O investimento está estimado em R$ 280 milhões, com geração de 1,5 mil empregos.
Perspectiva do futuro hospital da Unimed, na Vila Nova. (Foto: divulgação)
  • De maneira geral, os empresários não esperam que 2024 seja muito diferente de 2023. Espera-se que com a mudança de limites de valores do programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida", surjam mais projetos que se encaixem no perfil do programa. Obras de alto padrão seguirão com poucos lançamentos nas regiões nobres. A tendência é continuar as obras que já começaram e deixar na gaveta os projetos com terrenos já adquiridos, aguardando sinais de uma estabilização da economia ou uma melhora da segurança jurídica.

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