quinta-feira, 19 de abril de 2012

Casa de Ingo Hering, no Bom Retiro, dividirá espaço com prédio

Assim que árvores da casa de número 93 da Rua Hermann Hering começaram a ser cortadas, a Secretaria de Planejamento Urbano recebeu diversas ligações. A preocupação era com uma possível demolição da casa onde morou Ingo Hering, representante da terceira geração dos fundadores da Hering, para a construção de um prédio no local. O empreendimento será construído e a residência será preservada.
A chegada de um novo empreendimento em paralelo à manutenção da história se dará por força de lei. A rua, que recebeu o atual nome em 1948, tem como característica casarões antigos. Nela, existem 23 imóveis tombados pelo patrimônio histórico, sendo que a grande maioria está ocupada de alguma forma. A casa de Ingo é uma delas.
Por lei, uma casa tombada não pode ser demolida. A diretora de Planejamento Urbano, Vera Regina Krummenauer, explica que o casarão do número 93 foi comprado por uma incorporadora. Entre as exigências da prefeitura feitas à empresa está a preservação do imóvel.
– O projeto foi aprovado pelo Conselho do Patrimônio e teve que preencher todos os quesitos exigidos pela legislação. Inclusive, a construção não poderá obstruir a visão da casa – explica.
Segundo o sócio proprietário da Incorporadora Melchior Barbieri, que adquiriu o imóvel, Clóvis Roberto Barbieri, a casa será revitalizada. Um projeto vai unir a preservação com a funcionalidade do espaço. No terreno, será construído um prédio de 14 andares, que receberá o nome de Ingo Hering Residenz.
– Mesmo que o imóvel não fosse tombado, preservaríamos. É uma belíssima casa e achamos importante conservá-la – explica Barbieri.
Ele destaca que imóveis deste tipo devem ter um custo-benefício. Como estava, havia só custo, pois não estava mais em uso. Com a utilização para o condomínio, ele também vai resultar em benefício.
O pesquisador Adalberto Day não vê problema em conciliar a construção de prédios em espaços onde há casas antigas, como na Rua Hermann Hering. Porém, diz que é importante preservar, pois cada casa da rua tem sua história:
– É uma rua atrativa comercialmente, já que está livre de enchente e deslizamento. O que não concordo é que prédios sejam feitos em lugares com características germânicas.
A diretora de Planejamento Urbano também é a favor de que as casas tombadas da região tenham algum uso. Imóveis desocupados tendem a estragar ou ser invadidos. Ela lembra que apesar de estar protegidos pela lei, os imóveis podem ser comercializados.
– Podemos conciliar o antigo com o moderno, sem descaracterizar a história. É melhor que eles estejam conservados do que apodrecendo por falta de conservação – comenta Vera.


Tatiana Santos
Fonte : Jornal de Santa Catarina


Um recanto visado por empresas

Assim como a casa de Ingo Hering, outros grandes casarões antigos da Rua Hermann Hering passaram a ser visados por empresas e construtoras. O fácil acesso à região central, a área plana e com poucos registros de enchente e deslizamento são fatores que valorizam ainda mais os imóveis do bairro. Das 23 casas tombadas, pelo menos 80% estão ocupadas.
A corretora Amanda Eduarda Souza diz que a procura por imóveis na rua é para a finalidade comercial. A empresa onde trabalha tem para locação um imóvel, que não é tombado, com 23 salas. Para ela, a manutenção de um casarão inviabiliza o uso particular.– É difícil encontrar pessoas que queiram morar em casas tão grandes, até porque a manutenção é cara. A região é muito próxima ao Centro e, por isso, desperta a especulação de empresas – explica.
Segundo dados da prefeitura, a falta de espaço físico para a instalação de grandes indústrias no Bairro Bom Retiro resultou no crescimento das atividades comerciais. Entre 1980 e 2010, o comércio na região cresceu 9,2% ao ano, ou seja, passou de três estabelecimentos comerciais em 1980, para 42 em 2010, sendo comercializados equipamentos domésticos, alimentos, bebidas, medicamentos e artefatos de malhas. No mesmo período, as prestadoras de serviço tiveram um crescimento de 6,7% ao ano, passando de 19 para 132 estabelecimentos, com destaque especial para clínicas, instituições de informática e laboratórios.


Fonte : Jornal de Santa Catarina

Benefícios garantidos pela Lei Municipal 558

 
- Ampliar o potencial construtivo – concessão de área prevista para se construir em determinado terreno, previsto pelo Plano Diretor do Município –, que varia de 30% a 50% a mais sobre o tamanho do terreno. Assim, um imóvel tombado que tenha área construída de 1 mil metros quadrados poderá receber até 500 metros quadrados a mais como área a ser construída;
- O incentivo construtivo poderá ser usado também para transferência a outro imóvel, caso o proprietário não deseje construir no mesmo terreno. Assim, o potencial construtivo excedente serve como uma mercadoria, que pode ser vendida a uma construtora, por exemplo, desde que os recursos sejam usados para o restauro do patrimônio;
- Ganhar isenção de tributos como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), imposto sobre serviço no que se refere a obras ou reformas, taxas de transmissão de imóveis e taxas da prefeitura.

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