segunda-feira, 2 de maio de 2016

Construtoras de Balneário Camboriú se reinventam para manter o mercado aquecido na recessão

Contrariando o cenário econômico, empresas crescem, criam estratégias e planejam lançamentos. Foto : Lucas Correia
Leia a reportagem em http://www.clicrbs.com.br/sites/swf/jsc_sem_crise/

Do topo de seus glamourosos arranha-céus, a construção civil de Balneário Camboriú exibe força diante da crise econômica que atinge o país. Enquanto grande parte das empresas do ramo projeta redução nas atividades e no número de pessoal para os próximos meses, na cidade batem-se recordes de crescimento, criam-se estratégias para atrair endinheirados e planejam-se lançamentos que causam euforia no mercado.

O motivo de tanto sucesso: 95% dos quase 2 mil unidades habitacionais em construção hoje são voltados para o mercado de alto luxo. Os valores podem ser tão superlativos quanto o tamanho dos empreendimentos, variando entre R$ 1,5 milhão e R$ 30 milhões – dependendo da localização e metragem.

– O metro quadrado de área total em Balneário custa em média R$ 10 mil. Os imóveis têm que ser voltados para o mercado de luxo – explica o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), do município, Carlos Humberto Silva.

São apartamentos esculpidos para um público que não sofre com a crise. Segundo Silva, o que eles querem é opções de investimento cada vez mais rentáveis e seguras – e, para eles, Balneário atende a essa expectativa. No ano passado, a valorização dos imóveis foi de 15%, segundo o Sinduscon. 
Para 2016, a estimativa da entidade é que esse número chegue a 20%.

– Sofremos uma redução nos últimos três anos, mas que nada tem a ver com a crise, e sim com revisão do Plano Diretor que fez a prefeitura parar de aprovar projetos. As demissões desse período ocorreram por conta desse protocolo fechado. No geral, o setor não sentiu a recessão: continuamos vendendo bem, com liquidez e preço – afirma.

De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a construção civil teve uma variação negativa de 10% no número de empregos em 2015 na cidade. Nos três primeiros meses do ano, a prefeitura aprovou cerca de 50 projetos, entre análises, unificações e substituições. No mesmo período, foram 190 projetos protocolados.
– O decreto suspendendo a aprovação de projetos durou mais de dois anos. Essa medida equilibrou o mercado e o estoque de imóveis, mas decidimos começar a liberar os projetos porque isso já estava afetando as empresas – argumenta o secretário de Planejamento de Balneário, Fábio Flor.


Foto : Lucas Correia
A Construtora Pasqualotto & GT diz que não sentiu diminuição nas vendas em função da crise. Uma das justificativas é que o mercado de luxo de Balneário atende o país e o exterior, por isso a demanda se manteve. O diretor Alcino Pasqualotto diz que, como alternativa, a empresa focou na prospecção de clientes do agronegócio – que estão faturando mais com a alta do dólar.

– Nesse caso, a gente acaba indo visitar alguns desses clientes porque no período da safra eles não têm como vir. Mas já recebemos pedidos, inclusive, para atender nos Estados Unidos – conta.

Os clientes da construtora também têm uma vantagem para economizar tempo e conferir de perto as obras. Podem vir de avião ou helicóptero e utilizar o hangar da empresa, localizado entre Itapema e Porto Belo. Para conhecer o Yachthouse – empreendimento em obras junto à Marina Tedesco –, os empresários podem, inclusive, fazer um sobrevoo pelo local.

Essas facilidades, segundo Pasqualotto, fizeram com que as torres fossem bastante procuradas – inclusive por famosos, como os jogadores Neymar e Luiz Gustavo, e os cantores Luan Santana, Alexandre Pires e Sorocaba. Alcino diz que está a 15% de atingir a meta de vendas de apartamentos na planta do empreendimento.

As unidades do Yatchthouse têm entre 250 metros quadrados e 520 metros quadrados, além de ampla área de lazer e assinatura do estúdio Pininfarina – conhecido por desenvolver linhas de carros como Ferrari, Maserati e Rolls Royce. Depois de prontas, as torres estarão entre as mais altas do país, com 265 metros de altura.

– Temos 350 unidades em construção na cidade e estamos pensando em lançar em 2017 um complexo misto, comercial, residencial e hotel – comenta.


Foto : Lucas Correia
Apesar de todo status que Balneário Camboriú ostenta no mercado imobiliário, não foi só isso que garantiu às construtoras um mercado aquecido. Cada uma precisou se reinventar à sua maneira. Seja disputando o título de empreendimento mais alto do país ou oferecendo diferenciais luxuosos aos clientes, todas buscam alternativas para continuar atraindo consumidores.

A FG, que tem como garota-propaganda a atriz Sharon Stone, recentemente anunciou que alcançou o maior lucro líquido de sua história em 2015, com crescimento de 39% nas vendas em relação ao ano anterior. O valor, não divulgado, faz parte dos dados levantados pela consultoria Ernst & Young. Em 2016, a perspectiva é que o crescimento fique em torno de 14%.

Para manter o ritmo, o diretor comercial Altevir Baron conta que a empresa mudou a estratégia de vendas e apostou na variedade de produtos, com apartamentos que vão de R$ 1 milhão até R$ 17 milhões.

Hoje, a FG tem 13 empreendimentos em construção e 1.056 unidades em estoque:
– Dentro da área comercial foi montada uma estratégia para adequação dos produtos, com lançamentos de valor mais acessível, mas mantendo a qualidade da FG. Também adotamos um modelo de gestão mais adequado ao momento, criamos uma política de valorização da nossa equipe e apostamos no relacionamento com nossos clientes e investidores – observa.
A Embraed seguiu pelo mesmo caminho e reforçou o comercial junto a uma rede de mais de 400 imobiliárias e corretores – oferecendo incentivos aos vendedores.
A estratégia funcionou. Prova disso é que o último lançamento da empresa – o residencial Serendipity –, feito há menos de duas semanas, tem todas as unidades já vendidas.   
A presidente da construtora, Tatiana Rosa Cequinel, explica que o sucesso na comercialização do prédio de 45 pavimentos se deve ao preço dos apartamentos, que começam em R$ 1,3 milhão.

Para ela, o fato de a construção civil da cidade se manter forte em meio à crise também se deve à estrutura de serviços disponíveis em Balneário e à valorização dos imóveis, que em um de seus empreendimentos chegou a 300% em seis anos.
– O mercado está bom e acredito que vai melhorar porque a cidade está crescendo. As pessoas querem estar em Balneário – comenta.

A Embraed deve lançar mais um empreendimento até o fim do ano e está fazendo estudos no exterior para apresentar o Embraed Tower, em um dos últimos terrenos de frente para o mar.

Fonte : Jornal O Sol Diário 

Edição : Larissa Gerra
Textos : Maikeli Alves
Imagens : Lucas Correia
Design e desenvolvimento : Arivaldo Hermes

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