terça-feira, 4 de agosto de 2015

Prevenção de Incêndios em edifícios

Diante do recente incêndio no depósito da empresa Blukit em Blumenau, volta à tona o assunto sobre a segurança e prevenção de incêndios dos novos e altos edifícios que estão sendo erguidos na cidade.


Incêndio na Blukit. E se fosse num dos novos prédios altos ?
Foto: Ana Paula Crisostomo Junqueira
O ponto principal no caso de incêndios é a prevenção e treinamento dos moradores para esse tipo de situação. 

Os principais itens que os condomínios devem observar :

- Rede elétrica corretamente dimensionada e verificada periodicamente;
- Rede de gás verificada periodicamente;
- Estado de portas corta-fogo (não podem estar obstruídas nem trancadas);
- Estado das mangueiras e mangotes disponíveis no condomínio;
- Treinamentos periódicos de moradores (utilização e localização de extintores, procedimento em caso de incêndios, localização de rotas de fuga e telefones de emergência);

Poucos condomínios na cidade tem a proatividade de oferecer treinamento aos moradores e a maioria cumpre apenas o mínimo em relação a prevenção, pois envolve custos e disponibilidade dos moradores. Moradores que se tornam coniventes em caso de problemas que podem se tornar um incêndio de fato.
Saber como manusear um extintor, por exemplo, pode evitar que um incêndio saia do controle.

O Corpo de Bombeiros de Blumenau possui uma escada mecânica desde os anos 80 que atinge aproximadamente 36 metros de altura (12 andares). Acima desta altura, se os moradores não puderem descer em segurança através da escada de incêndio do edifício, terão de ser resgatados através de helicóptero.


Escada mecânica do Corpo de Bombeiros de Blumenau. Além de trazer o papai noel, ela também serve para combate a incêndios em altura.
Foto: Jaime Batista da Silva
Treinamento de resgate em altura com escada mecânica pelo Corpo de Bombeiros de Blumenau. Foto : Gilmar de Souza
Até 2010, Blumenau tinha limitação de altura nos edifícios de 15 pavimentos ou aproximadamente 45 metros de altura. Houveram 2 exceções no início dos anos 90, os edifícios Jardim das Palmeiras e Petite Maison, da Construtora Pajost.

Para liberar esses projetos acima dos 45 metros de altura (eles tem mais de 70 metros), a construtora colocou um heliponto em cima de cada um deles para prover salvamento através de helicóptero em caso de incêndio. Ainda bem que jamais foi preciso utilizar esses helipontos.


 

Dos novos empreendimentos altos em construção na cidade, apenas o Ibiza Trade & Financial Center vai dispor de heliponto e o mesmo terá mais finalidade executiva do que de segurança. Mas poderá ser usado em caso de incêndio se for o caso.

Os outros empreendimentos altos (Residencial Dr. Hermann Blumenau, Condomínio Grand Trianon, Marechal Tower Residence) usam o recurso de escada de incêndio com pressão positiva (forçando o ar de dentro para fora) no interior da escada enclausurada. No caso de um incêndio, o detector de fumaça (ou acionamento manual da portaria) ativa um exaustor que começa a insuflar ar para dentro das escadas. Com isso, obtém-se um diferencial de pressão e a fumaça nos andares não penetra nas escadas, mesmo com a abertura das portas (onde não há uma antecâmara), assegurando a desocupação do prédio com total segurança. O principal objetivo da pressurização da escada de emergência é evitar, ao longo do seu trajeto até a saída, o acúmulo de fumaça e gases tóxicos, principais causadores de pânico (porque diminuem a visão) e de morte (o maior número de mortes é causado pela intoxicação antes das queimaduras).

Na maioria dos empreendimentos altos, para evitar a propagação do fogo ao longo da rota de fuga, são utilizados pelas construtoras de Blumenau as portas corta-fogo, que juntamente com outros componentes usados para a compartimentação do fogo (paredes, dutos, registros e selagem de fios), devem ser elaborados com materiais específicos, que diminuam, ou cessem completamente, a propagação do fogo.

O que não se observa na maioria dos edifícios comerciais altos da cidade, com muitos usuários, principalmente usuários de cadeiras de rodas, adicionalmente à escada, seria necessária a disposição de elevadores de emergência (ou de segurança), alimentados por um circuito próprio e concebidos de forma a não sofrerem interrupção de funcionamento durante o incêndio. Na verdade a legislação de construção na cidade não cobra esse tipo de equipamento. Imagine o desespero de um morador de edifício residencial ou usuário de edifícios comerciais em cadeira de rodas durante um incêndio. Provavelmente terá de ser carregado pela escada de incêndio por outras pessoas a fim de se salvar.

Em 14/06/1996 Blumenau presenciou o maior incêndio em edifício, quando o Edifício Catarinense pegou fogo perto do início da tarde. O incêndio destruiu a Loja Koerich e mais quatro andares do prédio. Sete pessoas foram encaminhadas aos hospitais da cidade, vítimas de intoxicação. A sorte foi que o fogo foi nos primeiros andares e não nos últimos. 


Incêndio no edifício Catarinense em 1996.
Na reforma depois do incêndio, o condomínio do edifício construiu uma escada de incêndio externa ao prédio com passarela no nono andar para o edifício ao lado, o Edifício Albor. A passarela existia há muitos anos, mas a escada externa não.


Escada de incêndio externa com passarela. Gato escaldado equipa o prédio o quanto pode.
Esse recurso de passarela também é observado nos edifícios Dom Armando e Dona Filomena, no bairro Garcia (foto abaixo) :


Passarela liga os edifícios Dom Armando e Dona Filomena. Foto : Google Earth
Será um diferencial de venda para novos edifícios residenciais e comerciais a implantação de novos e modernos sistemas de segurança de sinistros. Espero que as construtoras da cidade estejam antenadas e que sejam proativas, instalando sistemas de segurança além do que a legislação prevê, pensando na segurança de moradores e usuários desses prédios.

Pontualmente, nós como moradores podemos ser proativos cobrando do condomínio um curso básico de operação de extintores e instruções de evacuação, bem como apresentar o que o edifício dispõe de equipamentos (mangueiras, mangotes e extintores) e a localização dos mesmos. E que seja feito em intervalos fixos (1 ou 2 anos) para que os novos moradores também recebam o treinamento.

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