terça-feira, 8 de outubro de 2013

Limites para a expansão

Bairro Ponta Aguda tem verticalização intensa. Foto: Léo Laps
O vaivém de caminhões betoneiras nas ruas de Blumenau testemunha que a indústria da Construção civil - um dos príncipais termômetros da economia - anda em alta na cidade. O município mais populoso às margens do Itajaí-Açu, com cerca de 300 mil habitantes, passa por um processo de verticalização que transforma a paisagem, cria empregos e contribui para a expansão imobiliária.
"Nunca foi tão fácil conquistar a casa própria no munícípio pois há bastante oferta de imóveís e de linhas de crédito para facilitar a compra atesta Rogério Isnar Patrício, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Locação e Administração de Imóveis e dos Condomínios Residenciais e Comerciais de Blumenau e Região (Secovi). De acordo com Patrício, o índice de crescimento do setor em volume de negócios, deve fechar o ano em 3%.



O presidente do Secovi acrescenta que a indústria da construção foi um dos segmentos que evitou que o Brasíl sentisse todo o impacto da crise que sacudiu a estrutura da economia mundial entre 2008 e 2009.
Segundo o empresário, nestes dois anos o segmento mudou em todo o país motivado pelo crédito imobiliário, especialmente por meio do programa Minha Casa Minha Vida. Em Blumenau não foi diferente: "De lá para cá, o mercado de imóveis no município teve um crescimento bastante significativo", afirma Patrício.
Como em outras regiões do País, o avanço do setor imobilíário local é atribuído, sobretudo à melhoria do poder aquisitivo das famílias, ao crescimento da população e à oferta de crédito com taxas de juros que variam entre 4,5% a 7,5% ao ano.
A ampliaçào dos negócios é verificada em todas as classes sociais, em especial nas de renda mais baixa.
De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção de Blumenau (Sinduscon), Amauri Alberto Buzzi, a expansão imobiliária tem direcionado o crescimento de Blumenau para as regiões Norte e Leste do município. No Norte, onde há maior segurança geológica e menor risco de enchentes, os bairros mais procurados para novos investimentos são Itoupava Norte, Fortaleza, Badenfurt, Salto do Norte, Itoupavazinha e Itoupava Central.
Na região Leste os principais bairros são Victor Konder e Ponta Aguda. O
presidente do Sinduscon confirma que o direcionamento dos empreendimentos para as duas regiões geográficas fez com que a construção civil local mudasse o foco e ampliasse a oferta de imóveis do programa Minha Casa Mínha Vída.
"Esse fato, no entanto, gerou uma escassez de terrenos e o aumento do preço da construção, que foi repassado ao consumidor", avalia.



Segundo Amauri Buzzi, um indicador da expansão do mercado imobiliário blumenauense é a facilidade de fechar negócios com os próprios moradores da cidade. Ele explica que o foco das construtoras locais sempre foi a comunidade de Blumenau e das cidades circunvizinhas. "O investidor da fase inicial busca uma possibilidade de revenda a preço melhor bem como a oportunidade de comprar um ímóvel para aluguel", explica. Na opinião do presidente do Sinduscon para manter a atenção de novos investidores a cidade precisa investir continuamente em infraestrutura.
Com o objetivo de definir o perfil imobiliário de Blumenau, o Sinduscon encomendou uma pesquisa que ainda está em andamento. A análise foi dividida em duas etapas, a primeira com os consumidores e a segunda com as construtoras. Como o planejamento da construção civil de Blumenau está sendo orientado a partir do Plano Diretor da Cidade, do Código Florestal do Brasil e das Normas de Regulamentaçào do Trabalho, existe uma preocupação do setor quanto ao esgotamento das áreas disponíveis para a construção nos próximos anos. O presidente do Sinduscon destaca que o próximo passo da indústría da construção é tentar ajustar um plano adequado
para que o setor não fique estagnado, bem como resolver os entraves
legais que dificultam a atividade. A rigor, segundo Amauri Buzzi, Blumenau ainda tem espaço para abrigar novos empreendimentos mas o novo Códígo Florestal Brasileiro alterou o potencial de investimentos em 75% das áreas livres do município. "São terrenos que antes faziam parte de um planejamento costumeiro, segundo as leis ambientaís municipais" comenta o presidente do Sinduscon. A dificuldade, segundo ele, está na distância necessária entre as construções e os cursos d'água, as chamadas Áreas de Preservação Permanente (APPs). Hoje, para construir ao lado de um ribeirão é necessário manter uma distância mínima de 30 metros. Para o Itajaí-Açu, a distância mínima é de 100 metros. Como Blumenau é cortada por mais de 40 ribeirões, a expectativa do sindicato é que o governo federal crie mecanismos para
gerenciar a legislaçào a partir das peculiarídades de cada município.

Texto: Adão Pinheiro
Fonte: Revista Blumenau É

2 comentários:

Anônimo disse...

Tem que ter uma lei ambiental severa, caso contrário, as construtoras constroem dentro dos ribeirões. Sem essa de peculiaridades, tem é que cumprir a lei e respeitar o meio ambiente.

Anônimo disse...

A Torresani está construindo dentro de ribeirões, como o novo prédio Porto Real no Victor Konder. Tem que ter leis severas mesmos, não dá para liberar geral.