terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Uma quebra de paradigma

Edifício Grand Trianon - 33 andares - Ponta Aguda

Procuro tentar entender o que sentiram os moradores de Blumenau na década de 60 com a construção dos primeiros edifícios considerados altos para a cidade, com 16 andares. Com certeza eram vistos como invasores do pacato vilarejo do interior, que embora fosse pioneiro e empreendedor, tinha que se acostumar com aquelas construções, que dali em diante fizeram parte de sua rotina. Muitas pessoas repetiram à época que o edifício Catarinense iria cair dentro do rio. O plano-diretor da época então delimitou esse crescimento vertical e colocou o limite de altura em 45 metros, mas permitiu uma grande ocupação do terreno pelas construções, deixando quase nenhuma área permeável e também não exigia grandes recuos entre os prédios. A única preocupação era a altura, não importando se os prédios de 16 andares estavam colados uns nos outros não permitindo ventilação nem absorção da água da chuva em qualquer parte do terreno. Tirando três exceções no início da década de 90, o limite de altura foi rigidamente respeitado. Veio a tragédia de 2008 e o plano-diretor teve de ser repensado para cobrir questões pendentes referentes à permeabilidade do solo e volume das construções.

A aprovação do edifício Grand Trianon na Ponta Aguda, com 122 metros de altura, 33 andares + 2 subsolos, totalizando 35 andares, mostrou que a cidade vai seguir rigidamente seu novo plano-diretor, aprovado em março de 2010 e que trouxe mudanças significativas na ocupação do solo deste ponto em diante. A altura foi liberada em muitas zonas da cidade. Este edifício na Ponta Aguda poderia até ser mais alto, chegando a 40 andares que ainda estaria dentro das regras do novo plano-diretor. Do ponto de vista urbanístico, nem sempre a melhor ocupação do solo fica visualmente bonita.
 
Os primeiros projetos que ultrapassam o antigo limite de 16 andares começam a tomar forma, quebrando um paradigma. Assim como a população em 1960, temos que nos acostumar com esse novo skyline (horizonte) que Blumenau vai ter a partir de agora. Os primeiros projetos “arderão” nos olhos, como é o caso do Grand Trianon, até mesmo pela área onde está inserido. E que a verdade seja dita: ele vai ficar mais alto do que o mirante do morro do Aipim. Talvez se estivesse inserido em outra região da cidade ele não causaria tanto impacto visual, como mostram os projetos abaixo que vão tomar forma em Blumenau nos próximos anos:
 
Marechal Tower Residence - 22 andares - Velha 

Ibiza Trade & Financial Center - 27 andares - Velha 

Projeto na rua 7 de setembro - 25 andares - Centro
 
Fico agora na torcida para que apareçam projetos com design agradável aos olhos e que estejam em regiões onde não causem tanto impacto visual. Blumenau comporta sim edifícios com 40 e 50 andares, se forem aprovados nos locais corretos, com bons recuos e com infraestrutura para recebê-los.
 
Texto publicado também no site Blumenews.

2 comentários:

Adalberto Day disse...

Charles
Belo texto sobre o novo direcionamento dos edificios verticais em Blumenau.
Creio que podemos sim, desde que bem elaborado, bem projetado, termos prédios acima de 30 andares.
Devemos observar também o antigo com o novo, sem que este ofusque o brilhantismo do passado.
Você fala dos primeiros prédios em Blumenau. O primeiro o Grande Hotel para a época, foi uma euforia total, inaugurado em dezembro de 1962, porém pensando bem, o antigo Holetz – se reformado seria um cartão postal mais fotografado que o Castelo da Havan. Eu era garotinho, mas lembro daquela maravilha. Em local estratégico jamais deveria ter sido demolido. Assim foi com nossa Igreja São Paulo e nossa antiga FAMOSC – depois no outro ano veio a construção do Edifício Catarinense, também uma comemoração e alegria dos blumenauenses.
Mas não é só alegria na modernidade...temos aí exemplos de vergonha para nossa cidade, exemplo principal edifício do América....um escândalo de incapacidade administrativa e de gente capaz de resolver este problema. Sentados em suas cadeiras, não conseguem resolver essa calamidade, vão se aposentar enrolando nossa comunidade...e existem outros...culpados todos que se intitulam mandantes dessa cidade e são os mais bem abonados que riem da situação vergonhosa.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história

Anônimo disse...

É Charles!
A prefeitaura envia para câmera um projeto complexo, sem estudar as particulidades de cada região e e nisso que dá... Liberaram a altura quase em toda cidade...Deveriam ter estudado mais o Plano Diretor.