sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Derretimento

Por Fernando Canzian


Até que demorou a correção que os mercados começaram a experimentar nesta semana.
O ponto fundamental da volta, com força total, do pessimismo com a economia mundial é um só: o gasto das famílias (consumo) e do setor privado (investimentos para gerar renda e emprego) não compareceram.
Desde o início da Grande Recessão de 2008/2009, vários países ricos passaram a gastar o que não tinham (com forte endividamento do setor público) para tentar dar oxigênio a economias à beira da depressão.
As dívidas monumentais de EUA e de outros países são resultado dessa estratégia.
O raciocínio era o seguinte: o setor privado e as famílias iam mal. Logo, o setor público deveria gastar mais e reduzir juros para induzir, mais à frente, o consumo privado.
A aposta era como uma corrida de bastão. Onde o setor privado, na virada de 2010/2011, deveria assumir o bastão que vinha sendo carregado pelos gastos públicos.
No início deste ano, muitos acreditaram que daria certo. Os EUA emitiram alguns sinais animadores, assim como outros países. Por isso os mercados subiram.
Mas esses sinais foram ficando cada vez mais fracos com o passar dos meses. Até serem definitivamente sublinhados pelas crises de endividamento e embates políticos (nos EUA e na Europa) que assistimos nas últimas semanas.
Agora, finalmente prevalece a percepção de que as dívidas acumuladas no período mais longo de expansão econômica e de crédito dos últimos 30 anos (entre 2003 e 2007) são pesadas demais.
Americanos e europeus nunca deveram tanto. Assim como o governo de seus países.
Com o desemprego em 9% nos EUA e entre 10% e 20% em muitos países europeus, não há otimismo com o futuro entre as famílias. Elas colocam as barbas de molho e só pensam em uma coisa: poupar, a espera de dias piores.
Do lado dos governos, vimos agora o fim da possibilidade de continuarem se endividando para sustentar a atividade. Ao contrário, agora devem economizar, deprimindo mais seus mercados.
A percepção de que algumas economias (especialmente os EUA) voltem a escorregar numa recessão é o final dessa história.
Por isso as bolsas desabam, refletindo a expectativa de fracos resultados futuros das empresas.
É que não sobrou ninguém para segurar o bastão.


Fonte

Na minha opinião um bom artigo que reflete em parte a situação da economia mundial. EUA em crise, alguns países europeus quebrando. Pode estar começando uma nova recessão mundial com contornos e consequências ainda desconhecidos.

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