sexta-feira, 3 de junho de 2011

O destino dos restos da construção civil

Construtores de Balneário Camboriú percebem nos entulhos fonte de economia


Foto : Marcos Porto



BALNEÁRIO CAMBORIÚ - Muralhas de ferro e concreto compõem a paisagem no Litoral. As obras dos arranha-céus trazem consigo montes de entulhos e um problema: o que fazer com ele. Embora existam leis federais que obriguem os municípios a controlar o despejo do refugo da construção civil, a questão ainda não tem sido levada a sério. Como resultado, os restos de obras vão parar em depósitos inadequados e transformam-se em risco para o meio ambiente e a saúde pública.


No Litoral, é comum o despejo clandestino em terrenos próximos a rios ou córregos. Quando chove, o material é carregado para dentro da água, provocando o assoreamento do leito e favorecendo enchentes. Prova disso é que, restos de construção predominam entre as 30 toneladas de entulhos retiradas todos os dias por dragas do canal de acesso ao complexo portuário de Itajaí.


O problema também é grave quando o material é depositado em terrenos baldios. Nesse caso, vira moradia de ratos, baratas e cobras. Outra situação que preocupa é que parte do entulho é composta por materiais tóxicos. É o caso das tintas e solventes, que despejados na água, provocam a morte de peixes e colocam em risco a saúde humana.


– Estamos diante de um grave problema, não só ambiental, mas também de saúde. Hoje 99,9% dos municípios catarinenses não têm controle do despejo do entulho proveniente da construção civil – diz o professor da Univali Alexandre de Ávila Lerípio, que é doutor em Engenharia de Produção.


Em Balneário Camboriú, onde só no ano passado foram erguidos 1,3 milhão de metros quadrados, os construtores começam a perceber no refugo das obras uma fonte de economia. Em 2008, o Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon) levantou que a quantidade de entulho nas obras do município chegava a 400 toneladas por mês.


Lei municipal obriga à reciclagem


Na época, a prefeitura começava a colocar em prática a lei municipal que obriga à reciclagem. A regulamentação surgiu após uma investigação do Ministério Público, que culminou com a assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC).


Agora, não se perde mais nada. Restos de ferro são vendidos para empresas que reaproveitam o material. A madeira vai para olarias ou hotéis que trabalham com caldeiras. O que sobra de concreto é peneirado e os pedaços grandes são encaminhados para uma usina de reciclagem, em Camboriú. Grãos mais finos são reaproveitados na própria obra, como substitutos da areia. O material é tão bom quanto o comprado nas lojas especializadas, garante o presidente do Sinduscon, Carlos Haack:


– A areia que cai no chão, durante a execução da obra, continua sendo areia. A contaminação, se acontece, é só com cimento, então não há problema em reaproveitar.


A opinião de Haack é compartilhada por Lerípio. Ele explica que o material só não é recomendável para estruturas de sustentação, como vigas e fundações. Mas pode ser usado, por exemplo, como base de pavimentação.


DAGMARA SPAUTZ



O QUE DIZ A LEI
- Os resíduos da construção civil gerados em Balneário Camboriú, deverão ser destinados à reutilização, reciclagem, reserva ou destinação adequada
- Não poderão ser dispostos em aterros sanitários e controlados, em lixões, em áreas de bota-fora, encostas, corpos d`água, lotes vagos, em passeios, vias e demais áreas públicas
- Deverão ser desenvolvidos, fomentados e implantados programas de incentivo a redução, reutilização, reaproveitamento e reciclagem, de caráter social, educacional, ambiental e outras medidas correlatas
- Os geradores de resíduos da construção civil são os responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e demolições
Fonte: Lei Municipal 2508/2005



FONTE : Jornal de Santa Catarina

E em Blumenau, o que será que diz a lei sobre dejetos da construção civil ?

Um comentário:

J. Endres disse...

Olá Charles,

Sou de Balneário Camboriú, mas no momento estou vivendo na Dinamarca, escrevendo o projeto final do meu mestrado em planejamento urbano na Universidade de Roskilde. O projeto trata da concentracão populacional e do trânsito em BC. Achei as fotos aéreas do teu blog ótimas e gostaria de pedir autorizacão para usá-las no meu projeto.
Você pode me contactar pelo email jendres@ruc.dk

Jean Endres